A crise no Hospital Júlia Kubitschek, em Rio Piracicaba, tem gerado tensões entre a prefeitura e gestores do hospital. Uma reunião foi realizada nesta terça-feira, 26, na Câmara Municipal, convocada por funcionários e vereadores. No encontro, discutiram-se as dificuldades financeiras e administrativas que têm afetado o atendimento à população.
De acordo com informações passadas à redação, o impasse entre o hospital e a prefeitura intensificou-se após a perda de prazo para renovação do alvará da unidade. Esse atraso teria resultado em uma mudança na gestão financeira dos repasses federais: antes diretamente destinados ao hospital, os valores passaram a ser enviados ao Fundo Municipal de Saúde, sob a administração da prefeitura.
Essa mudança trouxe consequências significativas, especialmente no pagamento do piso salarial dos profissionais de saúde e de outros funcionários. Relatos apontam atrasos de até cinco meses no pagamento do piso, gerando insatisfação entre os trabalhadores e comprometendo o funcionamento da instituição.
O hospital, por sua vez, detalhou em suas redes sociais os desafios enfrentados, como a dependência do Sistema Único de Saúde (SUS), que financia 87% de seus atendimentos. O valor recebido, segundo a instituição, é insuficiente para cobrir despesas como medicamentos, materiais, energia elétrica, oxigênio e outras demandas essenciais. A direção também informou que não recebe remuneração pelos serviços prestados ao SUS desde 4 de setembro de 2024, referente ao mês de julho. A falta de recursos, segundo a nota, tem gerado dívidas com fornecedores e ameaçado a continuidade dos atendimentos pelo SUS.
O clima de tensão entre a prefeitura, comandada pelo prefeito Augusto Henrique da Silva (CIDADANIA), e a diretoria do hospital agravou-se com acusações de má administração dos recursos por parte da instituição de saúde. Embora as alegações ainda carecem de comprovação, segundo informações extraoficiais, a prefeitura teria adotado uma postura cautelosa nos repasses, alegando preocupação com a correta utilização dos recursos.
Em resposta, após reunião na Câmara Municipal, a prefeitura publicou uma nota reiterando que a gestão do hospital, que é filantrópico, não é responsabilidade do executivo, atribuindo as dificuldades à “incompetência” da direção da instituição de saúde. Em nota, também foram divulgados os valores repassados ao hospital nos últimos anos, como em 2021, o repasse foi de R$1.800.000,00, em 2022, o hospital recebeu R$1.900.000,00, em 2023 R$2.237.558,85 e neste ano (2024), o valor de R$1.794.337,81.
A prefeitura defendeu que, “contra números, não há argumentos”, alegando o compromisso em manter a parceria com o hospital e com a saúde da população.
Enquanto o impasse persiste, funcionários do hospital e a população local aguardam soluções para garantia da continuidade dos atendimentos e a estabilidade da instituição. Ambas as partes foram procuradas pela redação do M3 Notícia para esclarecimentos, mas até o fechamento desta reportagem, ainda não houve retorno. No entanto, a raiz deste impasse ainda segue sem conclusão.
A matéria segue aberta para atualizações conforme novos desdobramentos surgirem.
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